quinta-feira, outubro 28, 2010

20th Century Deadline

Você já parou para pensar no quanto as coisas eram melhores no passado? De como era tudo mais simples, verdadeiro?

A infância, a adolescência, a primeira dor de amor, a primeira perda... o que vivemos nessa época achamos que é para sempre, como cicatrizes –feridas curadas, cujas marcas jamais desaparecem. Mas as preocupações eram poucas (quase nenhuma aliás. Qual era sua preocupação? Se suas bonecas estavam ou não alinhadas no armário?), as amizades intensas (quer pessoas mais sinceras e amáveis que as crianças?), como as paixões e as convicções eram mais reais naquela época. Hoje nosso olhar sobre o mundo, mais realista, nos permite não sofrer tanto com as coisas inesperadas, com golpes doídos, com traições infundadas, traições de amigos/namorados/parentes ou qualquer coisa.

Antigamente pensávamos que tudo era perfeito. Que ninguém cometia erros dos quais se arrependeriam amargamente depois. Quando bem jovens, as amizades são eternas, os amores são pra sempre e a gente tem a certeza de que pode modificar o mundo, porque do jeito que está não pode ficar e tal. É claro que tem muita coisa errada nesse mundo louco do século XXI, mas não podemos consertar tudo sozinhos. Não sozinhos...

Era tão bom quando bonde era apenas um trem. Não aqueles grupos de caras sem cérebros que cantam letras sem nexo de "funk". Era tão bom quando bala era só 7 Belo ou Chita (quem se lembra? hahah) e não perdida. Ou droga. Era bom quando Cine era só abreviação de "cinema". Era bom quando na política só entrava pessoas que pelo menos tinham ideais para fazer alguma coisa por nós. Bom era quando as fotos eram tiradas como memórias de um tempo que não voltam mais, memórias para ver e rever durante toda a vida. E não só para servir para se mostrar no Orkut/Flickr/Alguma coisa. Aliás, bom mesmo era quando não existiam essas redes sociais que só servem para "reduzir as distâncias". Que nada. As pessoas eram mais unidas quando elas não existiam. Nada contra nenhuma rede social, tenho conta em várias. Mas poxa galera, é bom viver um pouco também. Passar horas conversando pessoalmente com os amigos, falando palhaçadas. Bom era quando nossos jovens escutavam rock de verdade, com letras que nos faziam pensar sobre a sociedade em que vivemos, letras com algum conteúdo que te passe alguma mensagem para você pensar por um tempo. Quer coisa melhor que Legião, Titãs ou Barão Vermelho? E o mestre Raul Seixas? Sem comparação. Agora temos bandinhas multi coloridas que só falam de amor. E nem é O amor. É paixonite aguda. Como diria Mick Jagger "I see that rainbow and I want to paint it black". Meu mestre

O mundo era perfeito há uns anos. E ele é perfeito agora para quem é criança. Mas a gente cresce, as convicções mudam, alguns sonhos se frustram e outros magicamente se realizam. E a gente percebe, mesmo com alguma decepção, que boa parte da vida é feita de coisas pequenas e que parecem mínimas, cuja importância não está na quantidade, mas na capacidade de se tornarem eternas para nós.

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