quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Cisne Negro

Ontem fui assistir um filme no cinema, que me deixou tão intrigada, tão maravilhada, que eu tive que fazer esse post comentando sobre ele. Cisne Negro. Black Swan.

A princípio, a sinopse e o trailer não tinham me interessado muito, já que não sou muito fã do tema central do filme (que é balé, música clássica e essas coisas), mas aí descobri que ele estava concorrendo ao Oscar em categorias importantes, como: melhor filme, melhor diretor, melhor atriz, melhor fotografia e melhor montagem. Foi aí que ele me chamou a atenção, e decidi ir assistir ele com uma amiga que é muito fã de balé. E percebi o real motivo para ele ter sido indicado para todas essas categorias no Oscar. É um filme fantástico, que te deslumbra desde a primeira cena até o final épico. Tão espetacular, que parece que o tempo nem passa, e você fica com vontade de não perder nenhum detalhe. Intrigante. Só respirei de verdade quando o filme acabou, tamanha a expectativa que ele gerou. Confesso que dormi com dor no peito, até. O único filme que tinha me causado essa sensação até ontem tinha sido A Origem, com Leonardo di Caprio. E isso é difícil de acontecer comigo.

Para quem não conhece a sinopse, o filme se desenrola a partir da história de uma bailarina (Natalie Portman, que atuou de uma forma fantástica e merecia o Oscar de melhor atriz com certeza) extremamente dedicada e perfeccionista que é 'escalada' para fazer os papéis principais no Lago Dos Cisnes, o Cisne Branco e o Cisne Negro. A dualidade do bem e do mal. O papel Cisne Branco ela consegue realizar com perfeição, já que sempre foi a garota meiga, mas ela não atinge a perfeição vivendo o Cisne Negro. Não vou contar (é claro) o desfecho da história para vocês porque recomendo muito que vão assistir se ainda não foram. Vale a pena. Mesmo para quem não gosta de balé, como eu não gosto.

É um filme que nos faz repensar muito algumas de nossas atitudes o objetivos. O lema principal é "deixe-se levar", ou seja, não adianta ficar o tempo todo se cobrando a atingir a perfeição, porque você pode acabar atingindo ela, mas de um jeito muito trágico, como aconteceu com a Nina Sayers (Natalie Portman) no filme. Nos ensina a manter o foco nos objetivos, procurando fazer sempre o melhor, sem a ambição de ser perfeita, nos deixando levar por nossas decisões ;)


terça-feira, fevereiro 22, 2011

Poemas Que Falam Por Mim 3

Não é exatamente um poema, é uma carta, mas dei esse título ao post por causa da série que tô fazendo. Espero que gostem, como eu sempre gostei dela.

"Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver, adicionamos anos a nossa vida mas não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade de cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o Espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma;dominamos o átomo, mas não o preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos... Aprendemos a nos apressar e não a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos. Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas 'mágicas'. Um momento de muita coisa na vitrine e pouca na dispensa.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre. Lembre-se de dar um abraço carinhoso nos seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira (o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame... se ame muito. Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm lá de dentro. Por isso, valorize sua família e as pessoas que estão do seu lado, sempre."

- George Carlin

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

What I Really Am

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.
(Clarice Lispector)

Antes de qualquer coisa, a definição de personalidade, segundo o dicionário Aurélio.
Personalidade: sf 1. Caráter ou qualidade do que é pessoal. 2. O que determina a individualidade duma pessoa moral, o que a distingue de outra.

Não gosto muito de falar da minha vida pessoal no blog e nem vou fazer isso. Acho que nossa vida não é assim, um livro aberto. Por mais que você conte tudo, sempre tem alguns segredos que você não conta nem pra melhor amigo. Vou tentar ao máximo para relacionar coisas com as quais estou vivendo e lidando com situações comuns a todos nesse post, que sempre foi o objetivo desse blog. Mas, admito que esse post tá meio subjetivo. Na verdade, subjetivo demais, até meio egoísta, mas eu de fato senti a necessidade de escrever um pouco sobre mim, esperando sempre que quem lê se identifique. Pelo menos um pouquinho.

Nossa personalidade é construída gradativamente por alguns fatores que nos cercam. Em inglês, nature e nurture (nature sendo a natureza mesmo, o ambiente que te cerca e nurture sendo as pessoas que te acompanham ao longo da sua vida e o grau de influência que eles exercem - seja positiva ou negativamente - sobre você). E, isso me leva a crer que por mais que personalidade é a definição do que é nosso, pessoal, do nosso caráter, o que nos diferencia das outras pessoas, ela não é 100% nossa, porque é construída por fatores externos, como eu disse antes. Mas, independente de quem nos ajuda a formar a essência da pessoa que somos, quando juntamos essa personalidade influenciada com nossos valores temos o nosso caráter.

Nosso caráter é multifacetado (palavra engraçada pra caramba que ouvi na minha aula de Língua Portuguesa), ou seja, possui várias faces. Podemos ser um milhão de pessoas diferentes sem sair do nosso caráter. Eu, por exemplo, sou completamente bipolar. Até multipolar, para ser sincera. Consigo ser de milhões de maneiras sem perder minha essência. Não é nada fácil. E, juntando todas essas milhões de maneiras que posso ser (a chata, a gente boa, a divertida, a esquisita, a apaixonada, a desiludida, a sorridente, a sarcástica, enfim...) acabo não sendo ninguém. Pequenos fragmentos de uma personalidade ainda em fase de desenvolvimento e nem sei o que realmente sou. E nunca seremos completos. Por mais que você alcance um objetivo na vida pessoal, sua vida profissional desanda. Aí você arranja um bom emprego, um bom salário e sua vida social vai ao chão. Perfeito equilíbrio é improvável. Esse constante desequilíbrio que vivemos é que nos faz ser quem somos. Fingimos bem também. Não importa o quanto estamos despedaçados por dentro, sempre colocamos um sorriso no rosto. O ser humano é bom nisso...

Sempre vão ter pessoas no seu caminho que irão te ajudar a crescer, que estarão sempre do seu lado te ajudando sempre a tentar ser sempre uma pessoa melhor. Verdadeiros anjos. Tenho vários do meu lado, e sou grata a Deus por isso. Outras tentarão te destruir, mesmo que secretamente. E são essas pequenas atitudes e pequenas palavras escondidas nas entrelinhas que nos fazem crescer mais do que as coisas positivas. E toda essa falsidade que nos cerca me faz lembrar, a cada dia mais, que tudo que conquistei valeu a pena. O que passou, passou, e só me restam memórias boas. E me fazem lembrar principalmente o que eu sou realmente. Simples de coração. ;)

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Edge

I tried to make a poem, the text is good, but it's too hard to make words rhyme, it didn't work so fine, but, i decided to post it anyway. Hope you like it! :)


A word you spoke, misunderstood
Makes the whole world turns upside down
And no matter how I try to stop crying
I will still be drowning, drowning in the flood

Darkness consumes me inside, I feel tiny
All the problems surrounded me at the same time
Your masks fell down, nothing was like I thought it could be
Everything else becomes so unimportant, so petty.

When you realize, that all the love was just a lie
When you recognize people never change at all
Even if you don't pray, you'll be on your knees
Waiting for a spark, a little light, wishing shine.

Everyday feels like a runaway
As the minutes fall from the clock, tik tok
Life, my life, fades away

(Eu tentei fazer um poema, até que ficou bom, mas é difícil demais rimar *e, como foi traduzido, em português não teve rima nenhuma*, não deu muito certo, mas eu decidi postar mesmo assim. Espero que gostem! :)

Uma palavra que você falou, incompreendida
Faz todo o mundo virar de cabeça para baixo
E não importa quanto eu tente parar de chorar
Eu ainda vou estar afogando, me afogando na enchente

A escuridão me consome por dentro, me sinto minúscula
Todos os problemas me cercaram, ao mesmo tempo
Suas máscaras caíram, nada foi como eu pensei que poderia ser
Todo o resto se torna insignificante, tão insignificante.

Quando você percebe, que todo esse amor era uma mentira
Quando você reconhece as pessoas não mudam nunca
Mesmo se você não orar, você estará de joelhos
Esperando por uma faísca, um pouco de luz, querendo brilhar.

Todos os dias se sente como uma fugitiva
Enquanto os minutos caem do relógio, tik tok
Vida, minha vida, desvanece

BY: Mariane Okumoto

domingo, fevereiro 13, 2011

sábado, fevereiro 12, 2011

Músicas da Minha Vida 5


You see I've always been a fighter
But without you I give up
Now I can't sing a love song
Like the way it's meant to be
Well I guess I'm not that good anymore
But, baby, that's just me
(...)
What I'd give to run my fingers through your hair
To touch your lips, to hold you near
When you say your prayers try to understand
I've made mistakes, I'm just a man
(...)
When she holds you close
When she pulls you near
When she says the words
You've been needing to hear
I'll wish I was her cause these words are mine
To say to you till the end of time that I
(...)
Well there ain't no luck in this loaded dice
But baby if you give me just one more try
We can pack up our old dreams
We'll find a place where the sun still shines.

And I will...

(Você sabe que sempre fui um lutador
Mas sem você, eu desisto.
Agora não posso cantar uma canção de amor
Como deve ser cantada
Bem, acho que não sou mais tão bom
Mas querido, eu sou assim.
(...)
O que eu não daria para passar meus dedos pelos seus cabelos
Tocar em seus lábios, abraça-lo apertado
Quando você fizer suas orações, tente entender
que eu cometi erros, sou apenas humana
(...)
Quando ela abraçar você
Quando ela puxar você para perto
Quando ela disser as palavras
Que você precisa ouvir
Eu queria ser ela porque aquelas palavras são minhas
Para dizer a você até o fim dos tempos que eu
(...)
Bem, não há sorte nestes dados viciados
Mas querido, se você me der apenas mais uma chance
Nós podemos refazer nossos antigos sonhos
Encontraremos um lugar onde o sol ainda brilha
E eu vou...)

*Trecho de uma das músicas mais românticas que já ouvi em toda a minha vida, Always, do Bon Jovi. Melodia cativante, excelente para as tardes melódicas de sábado. Letra linda.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Won't Confess All My Sins

A minha consciência tem milhares de vozes, cada voz traz-me milhares de histórias e de cada história sou o vilão condenado.
(William Shakespeare)

Já tinha citado em posts anteriores um pouco desse tema, já tinha citado como a mente humana é complexa. E criminosa. Mas, resolvi ir mais a fundo em toda essa complexidade da nossa natureza. E, nesse post vou falar um pouco sobre esses nossos pequenos crimes e pecados. Involuntários. E, alguns voluntários, o que só nos torna piores do que já somos.

Pense em cada mentira está sendo contada agora, cada pensamento impuro, cada palavra de maldade proferida, cada pessoa assassinada... Pequenos e grandes pecados e crimes aos nossos olhos. Mas, quando se deita a cabeça no travesseiro e se pára pra pensar e analisar todas as causas e conseqüências percebemos que todas as pessoas andam em círculos por toda a vida. Erram. Pecam. Se arrependem. Voltam a errar de novo. Somos verdadeiras peças de um gigantesco tabuleiro de lindas mentiras. Somos constantemente enganados por outras pessoas, tão ruins quanto nós. Enganados por falsas promessas de que tudo melhorará. Enganados por falsos amores e falsas amizades. Na verdade, essa vida é um grande jogo. Buscamos sempre ganhar, arriscamos e perdemos tudo. Mas há um Controlador. Um Juiz.

E, para pequenos e grandes pecados que todos escondemos sob a máscara de uma pessoa perfeita, não há confissões para pessoas intermediárias que tirará o pesado fardo de pecadores de nossas costas. A perfeição é algo idealizado demais para ser bom, para ser um objetivo a ser atingido. São esses nossos defeitos, pecados, segredos que compõem a essência da pessoa que somos, mas não demonstramos de jeito nenhum ser. E você chega a essa (brilhante) conclusão quando você pára pra pensar em tudo o que você já fez ou pensou em fazer. Todas as suas fantasias. Quando você pára pra interligar todas as suas histórias de vida, e todas as pessoas com que você já andou na vida. Aí percebemos que andamos realmente em círculos. E quem não tem algum segredo que te corrói por dentro, que atire a primeira perda. Por mais que nossa obrigação de seres humanos incompletos seja procurar respostas e soluções para melhorar a vida (respostas essas que não estão em você, porque se estivessem, não haveriam psicólogos, terapeutas e afins e os livros de auto-ajuda ajudariam), e mudar nossa vida para servir ao nosso Mestre, todo o caminho que escolhemos seguir não sai nem um milímetro de Seu controle.

E ninguém nunca atingirá a perfeição. A prova disso é que Deus nos deu livre-arbítrio. E é esse "direito" de escolha que nos faz ser. Humanos. Imperfeitos. Com mentes impuras. Segredos implícitos. Sentimentos adversos. Desejos incontroláveis. Mas sempre em busca do melhor Caminho. Da melhor Verdade. Da Vida. ;)

sábado, fevereiro 05, 2011

Inspirações

Vou contar para vocês a história desse post louco. Estava no meu último dia das férias, sexta feira a tarde, nada pra fazer... E, eu não sei quanto a vocês, mas um passatempo meu nas férias é arrumar o guarda roupa... Mais por necessidade do que pra passar o tempo. Aí estava arrumando minhas coisas quando achei minhas tintas faciais, que tinha comprado há um tempo pra uma apresentação... e tive a brilhante idéia. Vocês verão abaixo o que eu aprontei.

1- Uma sutil homenagem ao personagem mais enigmático e mais insano dos últimos tempos no cinema, interpretado com talento sem igual pelo meu amado Heath Ledger.

2- Homenagem à animação de Natal clássica de Tim Burton, o Estranho Mundo de Jack. Incrementei o detalhe nos olhos na minha maquiagem.


3- E, por último e não menos importante, um re-make de cenas do clipe Fracasso, da Pitty, que eu amo muito ;D

Loucuras de fim de férias a parte, espero que tenham gostado. Comentem
E vejo vocês no próximo post. Que vai ser menos louco.
Ou não :*

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Poemas Que Falam Por Mim 2


"Eu odeio o modo como você fala comigo
e o modo como corta o seu cabelo.
Odeio o modo como você dirige meu carro
e odeio quando você me encara.
Odeio suas enormes botas de combate
e o modo como você lê minha mente,
odeio tanto você que isso me deixa doente
e até me faz rimar!
Eu odeio o modo como você está sempre certo,
eu odeio quando você mente,
eu odeio quando você me faz rir,
e mais ainda quando você me faz chorar,
eu odeio quando você não está por perto
e o fato de você não me ligar.
Mas, mais que tudo, eu odeio o fato de não conseguir te odiar
nem um pouquinho,
nem por um segundo,
nem mesmo só por te odiar."

Kat Stratford - 10 Coisas que eu odeio em você

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Memórias Não São Só Memórias

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
(Machado de Assis)

O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.
(Mário Quintana)


Normalmente coloco para introduzir o post somente uma frase, texto ou pensamento, mas, dessa vez, senti a necessidade de colocar essas duas, porque elas tem tudo a ver com o tema que vou tratar hoje. E, de fato, não tinha como deixar uma de fora.

Às vezes, me sinto meio assombrada pelo meu passado. Tenho uma memória fotográfica excelente, e isso acaba me ferrando algumas vezes. Pode ser uma coisa boa, gravar todos os detalhes da expressão de uma pessoa, para relembrar sempre que a saudade bater. Mas na maioria das vezes isso não é uma vantagem... eu tenho facilidade em criar memórias, guardar cada milímetro do rosto de uma pessoa, cada palavra proferida, cada tom usado, cada lugar freqüentado, cada momento vivido. E, quando tudo acaba, isso me assombra. Quando volto ao lugar, lembro dos momentos já vividos. Sinto um deja vu terrível. Ou, quando estou sentada, em silêncio, sinto todas as lembranças voltarem de uma vez, numa torrente, que me afoga tão profundamente que não consigo emergir delas. Olhar fotos antigas me tortura. Lembrar os momentos que passei do lado de determinada pessoa e ver que tudo acabou por obra do destino. Olhar pequenos presentes, que guardo há anos e anos e lembrar do sorriso encantador dessa pessoa me entregando. E essas memórias não são só simples memórias, são fantasmas que me sopram aos ouvidos coisas que eu nem gosto de lembrar. Fantasmas que me perseguem. Fantasmas que não conseguem deixar o passado no passado e sempre arranjam um jeito de tentar me impedir de fazer algo que eu quero agora. Só porque errei no passado. Mas raramente me deixo levar. Enfrento meus medos. E tento de novo, por mais que já tenha errado tantas vezes.

Os erros são necessários. Em determinados assuntos, já errei MUITAS vezes. Pensei que daria certo, me entreguei. Tentei, sem medo ser feliz. E quebrei a cara. De novo e de novo. Mas, me fez bem. Muito bem. Errar faz bem. Cada erro cometido nos ensina alguma coisa, nos ensina o que fazer (ou não fazer) da próxima vez. Tá certo que continuamos errando, e nessa vida seremos eternos aprendizes, não acertaremos nunca. Melhor já ir aprendendo a conviver com isso, mas pelo menos, os erros se tornam menores com o tempo. Pelo menos eu tenho maturidade para seguir em frente. Tem gente que se despedaça no chão, deixa a dor a consumir por dentro e não consegue nunca suturar as cicatrizes que o tempo deixa. Eu consigo. E me sinto até meio fria e calculista às vezes por causa disso. Minha filosofia para esse assunto, veio do meu mestre Shakespeare, que diz que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Se todos se fixassem nisso, haveria muito menos sofrimento, não é verdade?

Então, não importa quão grande foi o seu sofrimento, a sua dor, acredite que tem um Deus maior que qualquer dor e sofrimento que te guiará para o caminho certo. E acredite no seu coração. Faça o que tiver vontade de fazer Arrisque mesmo, sem medo. Enfrente seus fantasmas, mate seus heróis aos poucos, como se você não tivesse mais lição nenhuma para aprender. Siga seu coração e não dê ouvidos para a multidão porque a sabedoria te chama de dentro ;)

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Death

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vi
ra criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nov
e meses de vida flutuando. E termina tudo com um orgasmo! Não seria perfeito? - (Charles Ch
aplin)


Depois vem uma assinatura preta, para mostrar os pólos da minha versatilidade, se assim lhe agrada. Foi no momento mais escuro antes do alvorecer. Dessa vez, eu tinha ido buscar um homem de uns vinte e quatro anos, talvez. De certo modo, foi uma coisa bonita. O avião ainda tossia. A fumaça vazava de seus dois pulmões. Quando ele caiu, fez três sulcos profundos na terra. Agora suas asas eram braços serrados. Nada de bater, nunca mais. Não para aquela avezinha metálica.

Às vezes eu chego cedo demais. Apresso-me, e algumas pessoas se agarram por mais tempo à vida do que seria esperável.

Após uma pequena coleção de minutos, a fumaça se esgotou. Não restava mais nada para acontecer. Primeiro chegou um menino, com a respiração desordenada e o que parecia ser uma caixa de ferramentas. Com grande inquietação, aproximou-se do cockpit e observou o piloto, avaliando se estava vivo, o que aliás ainda estava, àquela altura. A roubadora de livros chegou talvez trinta segundos depois. Anos se haviam passado, mas eu a reconheci.

Estava arfante.

Da caixa de ferramentas, o menino tirou, quem havia de imaginar, um ursinho de pelúcia. Estendeu a mão pelo pára-brisa partido e o colocou no peito do piloto. O ursinho sorridente sentou-se, aninhado entre os destroços amontoados do homem e o sangue. Minutos depois, arrisquei a sorte. Era o momento certo. Entrei, soltei a alma dele e a levei embora gentilmente. Só restaram o corpo, o cheiro minguante de fumaça e o ursinho de pelúcia sorridente.

Quando chegou toda a multidão, é claro que as coisas haviam mudado. O horizonte começava a se acinzentar. O que restava de negrume no alto já não passava de um rabisco, e desaparecia depressa. O homem, em comparação, estava cor de osso.Pele cor de esqueleto. Uniforme amarrotado. Tinha os olhos frios e castanhos — feito manchas de café —, e a última garatuja lá do alto formou o que me pareceu ser uma forma curiosa, mas conhecida. Uma assinatura.

A multidão fez o que fazem as multidões. Enquanto eu passava, cada pessoa ficou brincando com a quietude daquilo. Uma pequena mistura de movimentos desconexos das mãos, frases abafadas e guinadas mudas, constrangidas. Quando me virei e olhei para o avião, a boca aberta do piloto parecia sorrir.

Uma última piada obscena.

Mais um final de piada humano.

Ele continuou amortalhado em seu uniforme, enquanto a luz mais cinzenta fazia uma queda de-braço no céu. Como acontecia com muitos outros, quando comecei a me afastar, pareceu haver de novo uma sombra ligeira, um instante final de eclipse — o reconhecimento da partida de outra alma.

Sabe, assim por um momento, apesar de todas as cores que afetam e se atracam com o que vejo neste mundo, comigo é freqüente captar um eclipse quando morre um ser humano.

Já vi milhões deles.

Vi mais eclipses do que gosto de lembrar.

A Menina Que Roubava Livros, Markus Zusak