quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Memórias Não São Só Memórias

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
(Machado de Assis)

O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.
(Mário Quintana)


Normalmente coloco para introduzir o post somente uma frase, texto ou pensamento, mas, dessa vez, senti a necessidade de colocar essas duas, porque elas tem tudo a ver com o tema que vou tratar hoje. E, de fato, não tinha como deixar uma de fora.

Às vezes, me sinto meio assombrada pelo meu passado. Tenho uma memória fotográfica excelente, e isso acaba me ferrando algumas vezes. Pode ser uma coisa boa, gravar todos os detalhes da expressão de uma pessoa, para relembrar sempre que a saudade bater. Mas na maioria das vezes isso não é uma vantagem... eu tenho facilidade em criar memórias, guardar cada milímetro do rosto de uma pessoa, cada palavra proferida, cada tom usado, cada lugar freqüentado, cada momento vivido. E, quando tudo acaba, isso me assombra. Quando volto ao lugar, lembro dos momentos já vividos. Sinto um deja vu terrível. Ou, quando estou sentada, em silêncio, sinto todas as lembranças voltarem de uma vez, numa torrente, que me afoga tão profundamente que não consigo emergir delas. Olhar fotos antigas me tortura. Lembrar os momentos que passei do lado de determinada pessoa e ver que tudo acabou por obra do destino. Olhar pequenos presentes, que guardo há anos e anos e lembrar do sorriso encantador dessa pessoa me entregando. E essas memórias não são só simples memórias, são fantasmas que me sopram aos ouvidos coisas que eu nem gosto de lembrar. Fantasmas que me perseguem. Fantasmas que não conseguem deixar o passado no passado e sempre arranjam um jeito de tentar me impedir de fazer algo que eu quero agora. Só porque errei no passado. Mas raramente me deixo levar. Enfrento meus medos. E tento de novo, por mais que já tenha errado tantas vezes.

Os erros são necessários. Em determinados assuntos, já errei MUITAS vezes. Pensei que daria certo, me entreguei. Tentei, sem medo ser feliz. E quebrei a cara. De novo e de novo. Mas, me fez bem. Muito bem. Errar faz bem. Cada erro cometido nos ensina alguma coisa, nos ensina o que fazer (ou não fazer) da próxima vez. Tá certo que continuamos errando, e nessa vida seremos eternos aprendizes, não acertaremos nunca. Melhor já ir aprendendo a conviver com isso, mas pelo menos, os erros se tornam menores com o tempo. Pelo menos eu tenho maturidade para seguir em frente. Tem gente que se despedaça no chão, deixa a dor a consumir por dentro e não consegue nunca suturar as cicatrizes que o tempo deixa. Eu consigo. E me sinto até meio fria e calculista às vezes por causa disso. Minha filosofia para esse assunto, veio do meu mestre Shakespeare, que diz que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Se todos se fixassem nisso, haveria muito menos sofrimento, não é verdade?

Então, não importa quão grande foi o seu sofrimento, a sua dor, acredite que tem um Deus maior que qualquer dor e sofrimento que te guiará para o caminho certo. E acredite no seu coração. Faça o que tiver vontade de fazer Arrisque mesmo, sem medo. Enfrente seus fantasmas, mate seus heróis aos poucos, como se você não tivesse mais lição nenhuma para aprender. Siga seu coração e não dê ouvidos para a multidão porque a sabedoria te chama de dentro ;)

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