Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
(Arnaldo Jabor)
(*ele mente, ela acredita)Todo esse clima de carnaval me inspirou (não sei porque) para um tema óbvio, que vocês já devem ter percebido. O amor. E as mentiras contadas nele para sustentar a relação. Ou não-relação, em alguns casos. Já que eu não estou nem um pouco afim de falar sobre os desfiles das escolas de samba, vou falar de amor. De novo... Então, vamos lá.
Como já diria meu mestre Gregory House, é uma condição natural humana que todos mentem. A única variável é sobre o que. Essa teoria se aplica (de uma vez até mais intensa, eu diria) no amor. Mentimos sem precedentes, todos os dias. Mentimos até mesmo sem dizer nada (sim, o ser humano é tão ruim a ponto de conseguir essa proeza). Mentimos num sorriso que não vêm do fundo do coração. Mentimos num olhar desviado da atenção. Às vezes, fingimos estar bem só para nosso companheiro se sentir bem também. Fingimos nos alegrar com conquistas deles, só para não deixar transparecer que na verdade, você já não se importa mais. O que eu condeno não é a mentira, porque mentir é algo involuntário, que não podemos mudar. O que me revolta é quando passamos a acreditar nessas pequenas e grandes mentiras. E por mais que a gente tenta manter os olhos abertos, por mais que a gente pense que esse tipo de coisa nunca vai acontecer com a gente, acontece. E como acontece! O amor nos cega, lentamente. Sem que a gente perceba. Até que alguém (ou algum fato, alguma coisa) abre seus olhos de uma vez, te dá uma brecha de luz, no meio da escuridão. Então você desperta e percebe que foi só um sonho.
Tem pessoas que dizem que você vai encontrar alguém que vai mudar sua vida da noite pro dia. Pode ser que sim, pode ser que não. Só não podemos nos deixar levar por essas mentiras e ficar paranóicos, observando qualquer reação e expressão da pessoa que amamos, senão a gente não obtém essa mudança "da noite pro dia". O segredo dessa "mudança" é deixar rolar. Se entregar. Abster-se dos medos. Sempre com um pé atrás, claro. Temos que ter racionalidade, mas é bom acreditar um pouco mais nas coisas. Desconfiar um pouco de algumas palavras e falsas promessas. Saber admirar uma estrela de brilho raro. Sentir de fato um disparo no coração. E em certas ocasiões, a emoção toma conta e nos conduz. E mesmo com o medo de quebrar a cara de novo, não podemos nos privar de algumas sensações, que são únicas. Nem podemos nos privar desse contato com pessoas que nos fazem sentir tão importantes por pouca coisa. Pessoas que falam conosco por 2 minutos e fazem as outras 23 horas e 58 minutos do dia valerem a pena. Não importa quem seja essa pessoa. Namorado, amigo, affair, primo...
O segredo é mesmo saber admirar os mínimos sorrisos, aproveitar cada momento, se perder na profundidade de cada olhar, admirar as pequenas qualidades e aceitar os grandes defeitos. Porque o resto? O resto se revela quando menos se espera. :)
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