quarta-feira, novembro 03, 2010

Contextualizando

Minha professora de Língua Portuguesa pediu para os alunos fazerem alguma intertextualidade com um poema, música ou filme. Eu escolhi a música Pais e Filhos, do Legião Urbana. Escolhi essa música porque acho que é a melhor do Legião e tem uma das letras mais genais de todos os tempos. Quem não conhece a letra e quer entender o que eu fiz no texto abaixo, clique aqui. Essa intertextualidade podia ser feita em forma de paráfrase ou paródia. Como seria muito difícil para mim parodiar essa música, eu resolvi então fazer em forma de paráfrase. E eu achei que ficou tão legal que resolvi postar aqui para vocês lerem. Em forma de paráfrase, então, eu criei uma situação e personagens para contextualizar os fatos contados na música de acordo com minha interpretação, que pode estar errada.

OBS: Que fique bem claro, eu criei a história, só inclui alguns trechos da música para fazer alusão a ela.

OBS 2: Créditos para meus queridos amigos Thales e Pedro, que fazem parte do meu grupo desse trabalho. Eu fiz o texto todo sozinha, mas eles deram idéias. Valeu, meninos.

OBS 3: E eu admito que coloquei o nome do personagem em homenagem ao meu amigo lindo Miguel, do blog Sombras de Dúvidas

OBS 4: Só para avisar que acabaram as observações. Enfim, espero que vocês gostem do meu texto e comentem.

Convívio Entre Pais e Filhos

Para os parâmetros da nossa sociedade corrompida, até que essa era uma família perfeita. Ele era o marido perfeito. Trabalho fixo. Louco pela mulher. Ela, a grande sortuda (ao que parecia, pelo menos), tinha todo o amor do mundo. E um filho maravilhoso. O luxuoso e caro apartamento no centro da cidade tinha estátuas e cofres e paredes pintadas. Ninguém sabe o que aconteceu. A mídia regional (já que a nacional não se importa) noticiou que ela se jogou da janela do quinto andar. "Nada é fácil de entender", foi só o que ele teve a dizer ao filho. Este que mudaria o mundo com suas perguntas, desde que entendesse as respostas.
Cai a noite. Triste madrugada. A imaginação prega peças na mente do jovem garoto, que escuta a noite lhe chamando.

_ Dorme agora,
é só o vento la fora - falava o pai. Poucas palavras. Não foi o suficiente. O garoto sonhador foi buscar respostas:

_ Quero colo,
vou fugir de casa.
Estou com medo,
tive um pesadelo.
Só vou voltar depois das três.

Quando viu o garoto pela primeira vez, o pai logo pensou: "Meu filho vai ter nome de santo. Quero o nome mais bonito". Como se a santidade do nome o fosse salvar da corrupção do mundo. Miguel, o santo de seu pai, cresceu ouvindo repetidamente uma mensagem. Esta só fez sentido no fatídico dia em que ela se jogou da janela do quinto andar:

_ É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.
Porque, se você parar pra pensar,
Na verdade não há.

E ele amou. Mas o tempo passou. A distância entre eles cresceu. O contato e as palavras diminuiram. E ele percebeu que morava mesmo era com sua mãe. E que o pai é que o visitava. Mesmo ela estando morta. O pai sabia que era um fracassado, que sua vida tinha acabado no instante em que ela se jogou da janela do quinto andar e ele viu o medo crescer nos olhos do seu santo Miguel. Ele chamou seu filho para uma última mensagem, antes de sua partida. Sem volta.

_ Sou uma gota d'água.
Sou um grão de areia.
Você me diz que seus pais não entendem.
Mas você não entende seus pais.
Você culpa seus pais por tudo
E isso é absurdo.
São crianças como você.
O que você vai ser quando crescer?.

Sem resposta do seu santo que já era um homem, o pai se foi. E suas palavras vagaram pelo ar. Elas só seriam conexas quando o filho Miguel fosse pai.

2 comentários:

  1. Aaah Mary ♥ , lindo demais eu ler isso, e ver meu nome ali *..*, vooc sabe que eu te amo muito, não esperava isso !!

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  2. Eu que te amo muiito Miguel *-*, uma sutil homenagem pra você ♥

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